FETARN, há 60 anos na luta em defesa da agricultura familiar
Ao longo de sua história, a FETARN tem tomado como princípios fundamentais de sua atuação a concepção classista, participativa e de luta.
Com seu trabalho e dedicação na defesa incansável dos direitos e interesses dos trabalhadores e trabalhadoras rurais, a FETARN vem escrevendo sua história dos seus sessenta anos com luta, coragem e persistência.
Essa trajetória é fruto da organização, trabalho, articulação e mobilização da entidade junto aos polos sindicais, Sindicatos de Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais e Delegacias Sindicais, que vêm desde a sua fundação em 15 de junho de 1962, construindo o Movimento Sindical de Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais – MSTTR.
Ao longo de seis décadas, a FETARN consolidou-se como principal instrumento do Estado para a ampliação e fortalecimento da organização e representação sindical e da luta dos trabalhadores e trabalhadoras rurais no Rio Grande do Norte.
A FETARN sempre teve um papel destacado no cenário político estadual e nacional, na luta pela liberdade democrática, contra a ditadura militar, na defesa da anistia, na mobilização pelas eleições diretas e na convocação da Assembleia Nacional Constituinte. Durante a elaboração da Constituição Federal de 1988, a FETARN participou de diversas mobilizações e ações em defesa dos direitos da categoria, obtendo conquistas históricas que até hoje proporcionam melhorias significativas no cotidiano dos trabalhadores e trabalhadoras do campo, a liberdade e autonomia sindical, a constituição do Sistema de Seguridade Social, a inclusão dos rurais no Regime Geral da Previdência Social, a igualdade de direitos entre urbanos e rurais, a criação do Sistema Único de Saúde – SUS, entre outras.
Consciente de seu papel e importância nesse cenário, a FETARN também atuou no estado de forma decisiva para eleições de presidente, porém, sem comprometer a sua independência, autonomia e capacidade crítica e de mobilização frente a estes governos.
Ao longo de sua história, a FETARN tem tomado como princípios fundamentais de sua atuação a concepção classista, participativa e de luta; a busca da unidade da classe trabalhadora; a luta permanente pela liberdade e autonomia sindical frente ao Estado, aos partidos políticos; a luta contra toda forma de discriminação baseada em sexo, idade, crença religiosa, concepção política ou filosófica, raça ou etnia.
Isto permitiu a consolidação da representação com ampla diversidade política, liberdade de manifestação e posicionamento, no âmbito do MSTTR, assegurando sempre a unidade na ação e na defesa dos interesses da categoria.
Esta amplitude de representação somente foi possível graças à constante evolução dos mecanismos internos de construção e aperfeiçoamento da democracia, da participação, da ação sindical e da transparência. Merece destaque a realização dos Congressos Estaduais de Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais, congregando representações de todas as regiões do Estado do Rio Grande do Norte, com a participação de praticamente todos os municípios.
Isto se revela, principalmente, no cotidiano sindical, na realização das reuniões nas delegacias sindicais, nas assembleias gerais nos sindicatos e nos conselhos de representantes da Federação, nas ações de massa como o Grito da Terra Estadual e Nacional, Marcha das Margaridas, Festival Estadual da Juventude, Atos nos dias 08 de março, 25 de julho (dia do trabalhador rural)e no 1º de maio, campanhas salariais das áreas da fruta e da cana, eventos diversos com assalariados e assalariadas rurais, bem como, processos formativos.
Para comportar a representação de uma base tão heterogênea, a FETARN, os polos e os sindicatos reinventaram-se a cada momento, adotando novas formas organizativas que assegurassem, ao mesmo tempo, a participação e a visibilidade de todos os sujeitos que compõem sua base, a exemplo da luta política: das mulheres, dos jovens e dos trabalhadores e trabalhadoras rurais da 3ª idade, que asseguraram e ampliaram seus espaços de participação e de atuação no MSTTR.
A história da FETARN ao longo dos seus 60 anos é motivo de orgulho pelo que foi construído e conquistado e reforça a necessidade de enfrentar os desafios presentes e futuros, reafirmando as lutas e a ação político-sindical para se avançar na reforma agrária, de maneira decisiva na construção de uma estrutura fundiária justa e inclusiva, na valorização e fortalecimento da agricultura familiar e no reconhecimento e valorização do trabalho humano como base da construção de qualquer riqueza e no entendimento de que o ser humano deva ser o centro de todo e qualquer processo de desenvolvimento.
Outro desafio são as crescentes disputas pela representação sindical no campo, que vão exigir ainda mais, nos próximos anos, discussões mais aprofundadas sobre a organização e estrutura sindical e a construção da unidade, na diversidade, do MSTTR. Isso só é possível em entidades realmente representativas que tenham coragem política e capacidade de enfrentamento para construir novos rumos que promovam o fortalecimento e crescimento do movimento sindical.
Não estamos plantando em terra seca e abandonada, mas sim em terreno arado pelo trabalho cotidiano de agricultores e agricultoras familiares, regado pelo suor e pelo sangue de tantas gerações que lutaram, lutam e lutarão para que o campo e a sociedade norte-rio-grandense sejam mais justos e solidários.